Um poema de Lacyr Anderson Freitas & Miles Davis com All Blues
Pequeno Diário da Palavra
“Toda a palavra tem um oco
uma fenda uma avessa
claridade
de onde as formigas emigram.
Há gravetos, conchas vocabulares,
acentos à paisana, vírgulas úmidas e bivalves.
Um vento antigo
tange as crases desse poema, arrasta
os pontos de exclamação pelos cabelos.
Estende-os para secar
o sol mais triste de seu nome.
O meio-dia a esmo
bate a sua orelha na cancela.
Toda a palavra tem sexo e sintaxe,
um amarelo em luta
com as folhas mortas no terreiro.
Alfabeto crivado de dízimos
onde não se pode tagarelar
sem doer um grão de arroz
por sob a língua.
Palavra carece de pátria
lugar de raiz e eleição.
Onde adensa sua espera, duas borboletas
grifam a giz a paisagem.”
- pág.41, Terra Além Mar, antologia poética de Lacyr Anderson Freitas, edição Pasargada e Ardosia
(Ai, deixa-me cá ver se a música fica bem com o poema, que no outro dia levei uma abada da Joana. Hum, sim, definitivamente, fica bem! E, em minha defesa, pode sempre dizer-se que Miles Davis vai bem com tudo.)
2 comentários:
acho que precisamos de falar com a administração do condomínio sobre este espaço em branco...que coisa esquisita...será preciso aumentar as rendas?
espaço em branco? nao vejo nada.
.j.
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