Pontuar a própria vida
Não tem tanto a ver com o facto de nem toda a gente concordar com as opções que tomo, principalmente com as importantes. Já passou o tempo em que ficava absolutamente transtornada com esse tipo de coisas.
Também não tem a ver com o facto de aos 22 se ter prioridades diferentes, vocês sabem, e ter de aceitar que há quem me queira a caminho de outros destinos.
Num jantar há algum tempo falamos sobre isso, lembram-se? Ainda a Joana estava cá pelos lados do Porto e conversávamos sobre réstias evidentes de ingenuidade ou a ausência delas – e o que isso nos faz. Porque também são essas coisas que nos fazem e nos trazem.
Há tempos escrevi no livro de um amigo uma citação de Oscar Wilde (esse, que não sei se tinha mais de oscar ou de wild(e)), tirada da Alma do Homem sob o Socialismo. Era assim: “...um mapa do mundo que omita a Utopia não serve para nada, pois deixa de parte o único país para onde a Humanidade visa sempre rumar. Quando a Humanidade lá desembarca, põe-se a mirar o horizonte e, vendo ao longe um país melhor, embarca de novo...”.
Tem, isso sim, a ver com as palavras menos simpáticas, vindas de quem ocupa na vida de alguém da minha idade, quanto mais não seja, um espaço de respeito e admiração. Tem a ver com as figuras que nos foram crescendo todos os dias no peito e que reagem depois com incompreensão à vontade de realizar um sonho. E da tristeza com que isso nos deixa.
Trata-se do respeito pelas pessoas e com a pessoas, essas a quem cabe sempre pontuar a sua própria vida. Com as reticências, os parêntesis e os pontos finais que lhe apetecerem. Trata-se, sobretudo, do facto de ontem às 9:00 da manhã eu me ter comportado, a muito custo, como uma senhora, mesmo em directo.
4 comentários:
bolas, estás a falar do quê e de quem??!
.j.
E que senhora!
É verdade, sim senhor... Estamos na presença de uma GRANDE MULHER!
Fiquei mesmo muito orgulhosa de ti!
Portaste-te lindamente!
E que voz! (mesmo para quem estava a ouvir às 9 da manhã, a conduzir a caminho do trabalho)
Sabes, era capaz de ficar todo o dia a ouvir os teus poemas ao som da música de Beethoven que passou no programa... Foi lindo!
parabéns!
mines castanheira, que se passa? por que acho que estás afalar de alguém em especial que não tu? eu sei que tenho andado a leste,mas acho que se passa algo que está implícito nas tuas palavras, mas que eu não consegui descortinar!!!
eu fiquei com a mesma sensação, anita! :)
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