quinta-feira, dezembro 22, 2005

não sei que nome dar a este post

Como eu já adivinho que nos próximos dias não posso vir tão frequentemente ao blog... (a julgar pelo estado sempre online que o meu mano tem no msn) aqui fica o poema de que vos falei num post há uns dias. Aceitam-se, ou melhor, querem-se críticas, como de costume. Deus sabe como elas são precisas.

Tenho uma cidade inteira
no livro de bolso.
Uma esquina de segredos que eram a meias
e se escaparam num rasgão,
naquele desencontro ou noutro. Tenho
uma cidade inteira no bolso e levo escondidas
no casaco noites como aquela – em que à conta de
atravessarmos as árvores e arrancarmos raízes,
trocámos os cheiros da terra por histórias
que não precisam de chão. Passámos a ter janelas
para dentro
no lugar dos botões.

Tenho uma cidade de costuras
pouco urbanas,
de buracos remendados com má caligrafia. Tenho
vírgulas gastas, travessões que ninguém quer
a pontuar os encontros nas ruas, quando
destas ruas ainda se faziam margens
para nos esperarmos uns aos outros.
Tenho uma aldeia que se ergue à altura dos olhos
e contorna rotundas com alfinetes de betão.

Tenho uma cidade no bolso.
De contrabando.


Minês Castanheira, Dezembro de 2005
PS: Adoro-vos...

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