para abrir o apetite
“ (...)Conheceram-se num baile, e não houve nada a fazer contra esse encontro. A orquestra tocava e o oficial da guarda disse à condessa francesa: «O sentimento é mais forte que nós, mais fatal.» Tudo isto aconteceu no baile da embaixada. As janelas estavam cobertas com cortinas de seda branca; eles encontravam-se no vão de uma janela e olhavam para os dançarinos. As ruas de Paris estavam brancas, caía neve. Nesse momento o rei francês, neto da dinastia dos Luíses, entrou na sala. Todos se curvaram. O rei vestia fraque azul e colete branco; ergueu até aos olhos, com um gesto lento, uns óculos de asa dourada. Quando se endireitaram da reverência profunda, regulada pela etiqueta da corte, olharam-se fixamente. Nesse instante já sabiam que não havia nada a fazer, tinham de viver juntos. Sorriam, pálidos e perplexos. A música tocava na sala vizinha. A rapariga francesa perguntou: «No vosso país, onde?...» - e sorria pitosga. O oficial da guarda disse o nome da sua pátria. A primeira palavra íntima que disseram um ao outro, era o nome da pátria.”
- pág.19, As velas ardem até ao fim de Sándor Márai, Dom Quixote
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