Estava num daqueles dias
em que o “dia” de facto parece prometer e, portanto, ser “bom”.
Daqueles em que às tantas - atenção que eu também os tenho às vezes - o desgraçado receptor do dito “bom dia” não sabe se há-de responder também “bom dia” e sujeitar-se a meia hora de entusiasmo sobre matérias que na realidade não lhe interessam. Ou despachar a coisa com uma desculpa prática, do género “tenho que ir ali levantar dinheiro e tem mesmo de ser naquele multibanco que fica ali longe, porque os outros não estão a funcionar. Mas depois telefona para a gente marcar qualquer coisa”.
Que é como quem diz: “pá...prefiro fazer uns bons quarteirões e ir a um multibanco fora de mão do que te aturar”.
Como não há grandes justificações que se possam dar para se querer fazer os tais quarteirões e se ir levantar dinheiro sozinha, o tiro saiu-me pela culatra. Verdade seja dita, eu costumo ter falta de pontaria.
ELA:
(toda airosa, como que a cuspir smiles em todas as direcções)
“Porque é que estás com esse ar?”
“Está um dia tão bonito!”.
“Vá...deixa de ser carrancuda!”
“Bom dia” para aqui. “Bom dia” para acolá.
Sorriso de orelha a orelha - não sei porque raio se usa esta expressão até porque a única pessoa que vi até hoje que tivesse realmente a capacidade de fazer um sorriso de orelha a orelha foi o Joker no Batman e ainda por cima metia medo.
“Esta gente anda toda sisuda e não percebo porquê. “ - ela não percebe porquê...
“Olha que all we need is love” - e mais umas quantas referências do género.
EU
(a imaginar-me em casa em trajes menores – se possível ainda mesmo na cama)
“Bom dia?” - indignação dupla, ênfase no "bom" e no "dia"
“Mas afinal é bom dia para quem?”
“Tu não andas a ler jornais ultimamente pois não?”
“Tem juízo.”
E depois ela olhou para mim. Com um ar perfeitamente carrancudo.
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