fim de semana à vista
pois é meninas, tá aí o fim de semana e nada de curriculos, nada de nada. para dizer a verdade, eu passei de viver o dia a dia para viver semana a semana. isto porque cada dia me parece curto demais para aquilo que eu quero/preciso fazer...
ontem fui acompanhar/participar numa acção de voluntariado com crianças deficientes, no âmbito aqui do trabalho.... não sei bem por onde começar a explicar-vos, apesar de sentir a necessidade de o fazer.
basicamente, as crianças, provenientes daqui, beneficiam, esta semana, de uma acção de voluntariado conjunta de várias empresas, que consiste num conjunto de actividades na praia, numa quinta hípica, etc. basicamente é, para as crianças que têm condições de participar neste programa, uma oportunidade de, enquanto internadas, poderem sair do hospital e terem a possibilidade de aceder a um conjunto de actividades que, doutro modo, não teriam acesso e que contribuem enormemente para o seu desenvolvimento.
a cada voluntário é atribuida uma criança para acompanhar durante todo o dia.
confesso que estava um pouco apreensiva antes dos miúdos chegarem pois não é dito aos voluntários que tipo de deficiência tem cada criança assim como não nos é permitido "escolher". cada criança é que nos escolhe, em colaboração com a responsável do hospital.
a mim calhou-me o joão (não é o nome dele mas vamos fingir que é). o joão, que na realidade tem nome de futebolista, tem 7 anos (quase 8!, como ele me disse quando eu lho perguntei) e quis logo fazer castelos de areia. Visivelmente era uma criança perfeitamente normal, com uma deficiência nas pernas, que lhe afectava o sistema urinário e que lhe dificultava o andar mas nunca o impediu de participar nas brincadeiras do mar e nas futeboladas da criançada sendo uma criança extremamente independente.
na realidade não deu trabalho nenhum apesar de eu notar que, tanto eu como o resto dos voluntários, estavamos todos muito overconscious das crianças.
não vou falar muito das actividades mas queria só deixar-vos esta ideia.... a de que, sim, fiquei muito impressionada, não com as crianças e com as suas deficiências mas essencialmente com as histórias de vida delas. e não, não são todas dóceis e caridosas. muitas são mal educadas e rudes, como só a "pobreza rica", como uma das voluntárias tão bem caracterizou, sabe ser. muitas das crianças então permanentemente internadas porque os pais desaparecem, muitas delas estão temporariamente internadas devido aos seus problemas.
mas geralmente são crianças que riem e cantam. que brincam, caem e se magoam. são crianças que nos surpreendem com um beijinho e um desprendimento de saberem que não nos vão voltar a ver mas que não há sofrimento algum nisso porque o bom, mas mesmo bom, foi termos passado o dia a brincar.
e são crianças para quem eu olho e penso "quão insignificantes são as minhas dores d'alma"...